Pavilhão do Brasil na Expo 92
Alvaro Puntoni
José Oswaldo Vilela
Edgar Dente
Fernanda Barbara
Clovis Cunha
Pedro Puntoni
ESTRUTURA
França & Ungaretti
MODELO
Francisco Triviño
FOTOS
Nelson Kon
O projeto para o Pavilhão na Exposição de Sevilha representará o Brasil na Península Ibérica, onde teve inicio a aventura marítima nos quatrocentos. Trata-se de uma oportunidade de reflexão sobre o passado e as novas perspectivas para a humanidade: os novos descobrimentos. Nossa existência enquanto cultura e nação está ancorada nestes acontecimentos sucedidos na aurora da modernidade. No entanto, nossas heranças, sejam elas europeias, africanas, asiáticas ou nativas, não conseguem, por si, explicar a riqueza e o caráter da cultura nacional, resultado de uma síntese criativa, onde o contributo de um novo homem se fez claro. Afirmar esta contribuição original nos parece ser o escopo deste projeto.
Nosso pavilhão deve ter como orientação necessária a cultura brasileira. As formas plásticas, as soluções técnicas, as alternativas construtivas devem expressar aquilo que há de original na arquitetura nacional. A opção deve ser por uma arquitetura que se desenvolveu baseada em uma visão brasileira, em um projeto para o país. A procura de formas claras, dos traços firmes e resolutos, da construção dos espaços de amplo uso coletivo, são suas características, sustentadas pela “ideia que o homem pode intervir arbitrariamente, e com sucesso, no curso das coisas e de que a história não somente acontece, mas pode ser dirigida e até fabricada”. Sergio Buarque, aliás, nos mostrou como de início era o impulso espanhol na colonização dos novos mundos, que demandavam a construção de cidades, de espaços de domínio e também de criação. Os portugueses, então largados à pura busca do ganho fácil, diferenciavam-se pelo desleixo com que erguiam suas cidades. O que resume a vontade criativa de nossa cultura é justamente o abandono deste anátema.
O projeto do pavilhão procurou assegurar uma escala baixa que fizesse o prédio aproximar-se do chão e do visitante. Um grande plano inclinado, que se inicia na Avenida Três, permite transpor a viga e chegar ao subsolo – onde adotamos parte do programa como o auditório, depósitos e máquinas – que será utilizado como estacionamento a partir de 1993.
O pavilhão deve ser aberto – um convite ao descobrimento, ao uso coletivo – e ao mesmo tempo fechado. O térreo do edifício se confunde com o piso de Sevilha que entra livremente e se transforma nas rampas, dando acesso ao plano inclinado que leva ao auditório e, acima, à sala de exposição e ao anexo do Itamaraty. Na cobertura, um terraço cercado por um espelho d’água, permite conforto aos usuários do restaurante e uma vista para cidade. Seu desenho leva em consideração que será observado por aqueles que estiverem passando pela telecabine do monotrilho.
A estrutura se resume em duas grandes vigas protendidas que buscam apoio em duas paredes – uma, junto ao Pavilhão de Portugal, vem do subsolo e outra, sobre o plano inclinado, é apoiada em dois grandes blocos em suas extremidades. As lajes nervuradas e as rampas serão armadas. A luz entra pelas paredes laterais, dando-lhes uma aparente leveza, e também pelo livre acesso do térreo. O pavilhão parece flutuar sobre o solo, apoiado apenas em três pontos.
Acreditamos que a construção da estrutura, e portanto do Pavilhão, aliada a tecnologia local, deverá ser de rápida execução.
Levamos a Sevilha este projeto.
PUBLICAÇÕES:
Periódicos
PAVILHÃO DO BRASIL NA EXPO 92 EM SEVILHA
projeto design / brasil n 138 / 1991
A POLÊMICA DE SEVILHA E OS PREMIADOS
projeto design / brasil n 139 / 1991
NOVÍSSIMOS ARQUITETOS – STRADA NOVISSIMA. OS CAMINHOS DA NOVA GERAÇÃO DE ARQUITETOS
projeto design / brasil n 143 / 1991
PAVILHÃO DO BRASIL: ABRINDO O JOGO
au / brasil n 35 / 1991
PAVILHÃO DO BRASIL. SEVILHA, ESPANHA – COM ÁLVARO PUNTONI E JOSÉ ORWALDO VILELA
monolito / brasil / janeiro de 2011
PADIGLIONE DEL BRASILE PER L'EXPO '92 A SIVIGLIA - TRE PROGETTI
rassegna di architettura e urbanistica / itália / julho-agosto de 2014
Livros
PÓS-BRASÍLIA: RUMOS DA ARQUITETURA BRASILEIRA
maria alice junqueira bastos
ed perspectiva / são paulo / 2003
COLETIVO 36: PROJETOS DE ARQUITETURA PAULISTA CONTEMPORÂNEA
ana vaz milheiro, ana luiza nobre, guilherme wisnik
ed cosac naify / são paulo / 2006
BRASIL: ARQUITETURAS APÓS 1950
maria alive junqueira bastos, ruth verde zein
ed perspectiva / são paulo / 2010