Edifício de Apartamentos em Curitiba

Edifício de Apartamentos em Curitiba

A história desse projeto teve início em 2015, cinco anos antes de darmos início ao desenhos. Foi naquela ocasião que, a convite da CRON e L’Espace, fizemos uma primeira visita à cidade. O interesse deles pelo nosso trabalho talvez tenha vindo pelo entusiasmo de um jovem estudante de arquitetura que trabalhava na equipe da construtora momento. O fato merece nota, pois é eloquente sobre a capacidade do grupo de saber dar voz a todos. Foi naquela ocasião que pudemos conhecer o trabalho, os princípios e valores, que imprimiam às obras. Era uma época de crise no mercado da construção brasileira. Enquanto as empresas do setor reagiam restringindo investimentos, eles faziam o contrário. Justamente por que estavam informados do nível de recuo de investimento na cidade e a projeção de falta de oferta no futuro, tomavam aquele contexto como melhor momento para o investimento. O crescimento que tiveram nos anos subsequentes demonstram que acertaram na aposta. Outro aspecto sobre os valores e cultura daquele grupo que nos chamou a atenção, talvez por contraste pelo que se praticava como senso comum no seu segmento de atuação, era orgulho que tinham da sua mão de obra, enfatizavam que era própria e formada dentro da empresa e sua política de manter as pessoas no time. Diziam: ‘nossa equipe é nosso maior capital’.

Cinco anos depois, em 2020, eles nos chamaram novamente para projetar um pequeno edifício de apartamento localizado à rua Ivo Zanlorenzi, no bairro de Mossungue, exatamente o mesmo lote que tínhamos visitado anteriormente. Trata-se de um quadrilátero irregular, com aproximadamente 30m de lado e 60m de fundo e bastante íngreme, com 10 metros de desnível na diagonal, desde o ponto mais baixo no vértice junto à rua e a divisa leste até vértice diagonal junto á divisa oeste no fundo do lote.

Trata-se de um edifício de sete pavimentos. São dois subsolos, térreo, sete pavimentos e o andar de cobertura. A laje típica, que se repete nos seis pavimentos, com quatro apartamentos por piso. Três deles de plantas idênticas, com 110 m2, e outro maior, com 150m2. No sétimo pavimento, enquanto o apartamento de 150m2 se mantém sem qualquer alteração, as três plantas idênticas crescem como apartamentos duplex e ocupam também o oitavo piso. Outros dois apartamentos com jardim no nível térreo. Portanto, no total, são 31 apartamentos. O núcleo do prédio é um vazio longitudinal que atravessa o volume aberto para a luz nos dois extremos. Duas paredes estruturais, idênticas e paralelas e distanciadas de 2.80m entre si definem o núcleo e protegem as escadas de segurança. Os elevadores foram dispostos nos dois extremos deste vazio, com hall aberto para a vista. Cada hall dá acesso apenas a duas unidades.

O Sistema estrutural é feito pelo conjunto, além das duas paredes que configuram o núcleo, quatro colunas de cada um dos lados ao longo das fachadas laterais e lajes maciças sem vigas. As vedações nos andares da torre são feitas em caixilharia de vidro e aluminio, com cores e tratamento sóbrio, de modo a preservar o protagonismo da arquitetura para a estrutura em concreto armado e o desenho das lajes.

Tomamos o pretexto deste pequeno edifício de apartamentos como uma oportunidade para demostrar como a arquitetura, o desenho do processo construtivo dentro da lógica das técnicas e materiais, tende a uma obra de qualidade e bem alinhada com os princípios que guiam a atividade da CRON e L’Espace.