Edifício de apartamentos na Vila Olímpia (Float)

Cidade
São Paulo - SP
Projeto
2014
Obra
2022
Arquitetura
Angelo Bucci

Victor Próspero
Felipe Barradas
Tatiana Ozzetti
Lucas Roca
Nilton Suenaga
Beatriz Marques
Martha Bucci

Daniela Zavagli
Beatriz Brandt
Larissa Oliveira
Paula Dal Maso
Vitor Endo
Equipe

MODELO ELETRÔNICO
Ricardo Canton

FOTOGRAFIAS
Nelson Kon

ÁREA DO TERRENO
842,72 m²

ÁREA CONSTRUÍDA
4.746,00 m²

INCORPORAÇÃO
SKR

Arquivos

O bairro da Vila Olímpia surgiu nos anos 1930 a partir do loteamento das chácaras que ocupavam as áreas alagadiças na várzea do rio Pinheiros. Eram lotes modestos em que se construíram casas e pequenos comércios. A transformação recente do bairro veio nos anos 1990 com a pressão imobiliária aquecida pela construção das avenidas Nova Faria Lima e Hélio Pellegrino, que rasgaram o tecido pré-existente. No mais, a antiga malha viária foi mantida. Já a estrutura fundiária foi transformada pela unificação dos lotes a fim de viabilizar a verticalização típica dos grandes empreendimentos que mudaram completamente a densidade de ocupação e a feição do lugar.

É nesse contexto que se insere este projeto para um edifício de apartamentos localizado à rua Joaquim Ferreira Lobo, 333. O lote, com 20 m de frente e área de 850 m2, fica reduzido diante do entorno atual.
O convite da SKR para que desenhássemos o edifício veio em 2013, em plena crise do mercado imobiliário em São Paulo. Sorte, pois foi justo ela que nos abriu a janela de oportunidade. Melhor, o tempo de proposição, normalmente ínfimo sob o ritmo das ações do mercado, perderia a pressa pela crise e, assim dilatado, ofereceria uma rara oportunidade de projeto: mais campo para o diálogo, maior receptividade para aquilo que quer escapar às fórmulas batidas do mercado.

Uma extensa sequência de estudos preliminares se sucederia com a determinação de expandir ao máximo o campo de possibilidades. Esse processo, animado pela interlocução entusiasmada e notável repertório de Sílvio Kozuchowicz, acumulou dezoito versões de estudos. Ao final, todos tínhamos convicção do processo e certeza da escolha.

A proposta dispõe três apartamentos por andar num arranjo que surpreende pela grande proporção de vazio onde menos se espera, justo no core do edifício. Assim, os elevadores chegam a cada andar, como se chegassem num espaço externo com ar de varanda. Os três apartamentos em cada piso estão completamente separados entre si, não há paredes de divisa entre nenhum deles, desse modo cada uma das três unidades em planta tem sua configuração externa claramente definida. O vazio central não sacrifica potencial construtivo. A sua razão de existir é outra. Está ali para aliviar área construída em cada nível a fim de que o prédio possa ganhar em altura e assim equilibrar melhor o seu porte diante do entorno já todo verticalizado.

O sistema construtivo, com lajes planas e paredes estruturais em concreto armado; os ambientes internos com mínima compartimentação, as instalações cuidadosamente desenhadas de modo a recusar à solução fácil dos revestimentos e forros de gesso; o uso dos conceitos de construção seca; dos caixilhos piso-teto; a opção por uma paleta de materiais extremamente reduzida; a atenção aos critérios de eficiência energética e conforto garantido com sistemas passivos; enfim, tudo tende a se alinhar com um princípio arquitetônico mais atento à essência e à qualidade construtiva. Ou seja, almeja-se uma sofisticação que emane da qualidade do desenho em clara oposição à extravagância de revestimentos e especificações que simulem exclusividade quando na verdade só fazem segregar.

Afinal, a arquitetura se apoia no preceito da generosidade. Talvez seja por isso mesmo que o core de um edifício possa respirar.