Igreja da Natividade

Cidade
Culiacan - México
Projeto
2009
Obra
-
Arquitetura
Angelo Bucci
João Paulo M. de Faria
Equipe

ESTRUTURA
Andrea Pedrazzini
Eugenio Pedrazzini

MODELO FÍSICO
Nilton Suenaga

MODELO DIGITAL
Yuri Vital

RENDER
Roberto Klein

FOTOS
Nelson Kon

CONSULTORES:

ARTISTA
Oscar Oiwa

PAISAGISMO
Raul Pereira

ILUMINAÇÃO
Ricardo Heder

TÉRMICA, ACÚSTICA E ILUMINAÇÃO
Building Physics
[Mirko Galli]

CORO E MÚSICA
Samuel Kerr

ÓRGÃO - TÉCNICO
Warwick Kerr

ÓRGÃO - CONSTRUÇÃO
Phillipp Klais
Johannes Klais
Orgelbau GmbH & Co. KG

Arquivos

A presente proposta para o concurso da Igreja da Natividade em Culiacan, México, foi desenhada a partir três peças essenciais: três paredes duplas idênticas. Elas estão deslocadas entre si de modo que cada uma delas tem um papel próprio na mesma cena, como três personagens de uma mesma construção. Elas não tocam o chão, pairam acima da superfície d’água suficientemente elevadas para que se destaquem e, ao mesmo tempo, próximas o bastante para conter a atenção das pessoas no interior da nave. Essas três peças poderiam representar os três personagens do sentido primordial da natividade para a igreja: a sagrada família.

O espelho d’água circunda a nave definindo os seus limites no piso e ao mesmo tempo invadindo o espaço externo por sob as paredes. Como elemento arquitetônico, a água qualifica adequadamente o ambiente da igreja além de amenizar o rigor das condições climáticas. Plena de valor simbólico, a água aqui evoca principalmente o segundo sentido da natividade para a igreja: o batismo.

Esses elementos dominam a cena, tudo mais foi feito com o propósito de destacá-los: o modo como a laje de cobertura foi mantida interna às três paredes duplas preservando-lhes o topo que define o skyline; o modo com a luz natural entra descolando completamente cada uma das três paredes de qualquer outro elemento, o modo como elas mantêm uma distância entre si deixando que passe luz pelos vitrais; também, como as paredes acumulam funções como estrutura, circulação vertical e, finalmente, qualquer outro elemento foi disposto conforme essa hierarquia intrínseca adotada no desenho.

A economia de elementos, nesse caso, exige também concisão de materiais.

Concreto pintado de branco faz as paredes, as lajes e o piso. Mais que remeter às paredes coloniais caiadas, a opção, nesse caso, orienta-se também pelo objetivo de atingir um bom desempenho térmico e de iluminação natural e artificial. Madeira, ou painéis de madeira natural têm presença destacada como quebra-sol; guarda-corpo, portas e também para o painel dos tubos do órgão ao lado da porta principal. Vitrais preenchem os vazios de luz: amarelo na direção leste para remeter ao tema do deserto; o azul na direção oeste para o tema da noite e da estrela guia; o verde e branco ao sul para o tema da luz. Tal concisão de materiais é adequada à simplicidade ou austeridade da cena do natal original.

A situação da pequena colina onde a igreja está implantada sugeria a disposição do programa em diferentes níveis como modo de conciliar as atividades desse edifício com a topografia e com os equipamentos públicos e urbanização existentes.

A cripta foi disposta exatamente sob o altar. Sua planta circular está impressa no chão da igreja como um anel de luz, um halo que se vê da nave e que, por outro lado, provê luz para a cripta. O acesso da nave à cripta se faz de dois modos, um para uso do sacerdote, outro para o público. Além disso, ela se liga também ao saguão inferior e ao espaço de múltiplo uso no mesmo nível.

Ao nível do estacionamento e da rua, foi proposto um túnel que liga as duas ruas ao pé da colina da igreja. Esse túnel é simples de ser construído, além disso, é muito oportuno, pois faz um acesso confortável para todo o conjunto arquitetônico. Dois elevadores oferecem acesso fácil a todos os níveis de piso.

Além disso, esse túnel evoca a imagem das catacumbas e suas pinturas e símbolos; eles são também mencionados aqui como se tivéssemos condensado dois mil anos da história do cristianismo para desenhar a igreja sonhada pelas pessoas de grandes expectativas: eis a nossa proposta para a Igreja da Natividade em Culiacan, México.

PUBLICAÇÕES:
Periódicos

LA BIENNALE DI VENEZIA – 12. MOSTRA INTERNAZIONALE DI ARCHITETTURA
catálogo exposição / brasil / 2010

IGLESIA DE LA NATIVIDADE
aa arquiteturas de autor / espanha n 54 / 2010