Colégio Marista
Juliana Braga
Ciro Miguel
Maria Isabel Imbronito
Jonathan Davies
André Drummond
Peço-lhes que encarem ainda uma vez o seu trabalho de um outro modo, como uma missão: criar para os meninos de amanhã lugares de origem, cidades e paisagens que constituirão o mundo das imagens e a imaginação desses meninos. E gostaria que vocês levassem em conta o contrário do que, por definição, é a sua missão: não projetem apenas construções, criem também espaços livres que preservem o vazio, para que o cheio não nos obstrua a vista — que ele deixe o vazio para o nosso descanso.¹
A proposta que se apresenta para o projeto arquitetônico do Colégio Marista na Barra da Tijuca tem seu núcleo didático fundador organizado em torno de um “vazio” como espaço central. Definido pelo edifício que o contorna, este vazio remete aos pátios dos antigos colégios e aos claustros dos antigos mosteiros, mas aqui ele é como um pátio aberto, como um claustro sem chão.
As salas de aula estão dispostas neste “anel quadrado” que define um núcleo a partir do qual se irradiam as funções de apoio diretamente ligadas às atividades didáticas: administração, biblioteca, laboratórios.
A cada nível de implantação (andar) correspondem diferentes níveis de ensino — equivalentes ao antigo primário, ginásio e colégio — de modo que os alunos reconheçam na arquitetura a estrutura didática da escola. As crianças no primário, e também na creche, têm um pátio prisioneiro, que lhes proporciona uma dimensão possível de apropriação e que ao mesmo tempo os preserva. Para o conjunto da escola, esses pátios prisioneiros e rebaixados expõem os pequeninos como o seu projeto futuro.
Os laboratórios, como satélites, representam cada área específica de conhecimento — humanas, exatas e biológicas —, e permitem que as crianças reconheçam neles as suas próprias preferências de estudo e, assim, projetem seu futuro também fora da escola: músicos, físicos, biólogos.
Além deste núcleo pedagógico irradiado a partir do pátio central, a ordem dos elementos arquitetônicos que compõem o conjunto construído geral expressa com clareza as instituições que o amparam: Eventos, Esportes, Teatro e Capela. Assim dispostos, eles fazem como uma pequena cidade, de modo que as distintas instituições envolvidas na vida da escola tenham sua representatividade arquitetônica.
A Capela, o Teatro e o Centro de Eventos fazem um único conjunto que constitui o espaço cívico da escola: local dos grandes encontros e celebrações. Também o conjunto de quadras esportivas pode ser, ocasionalmente, convertido em um grande espaço para eventos na escola.
O nível térreo liberado é o plano de encontro de tudo, é o espaço dedicado ao convívio de todos: nos horários livres, no refeitório, nos acessos às diversas atividades, nas apresentações de teatro, na entrada e saída da escola e nas celebrações aos domingos.
Cidades e paisagens que constituirão o mundo das imagens e a imaginação desses meninos.
1. Pronunciamento de Wim Wenders aos arquitetos