Sede da Orquestra Filarmônica Afro-Brasileira
Maria Isabel Imbronito
Ciro Miguel
Juliana Braga
Gabriel Manzi
ACÚSTICA
Acústica e Sônica
[José A. Nepomuceno]
O Projeto Arquitetônico para a sede da Associação da Orquestra Filarmônica Afro-Brasileira enfrenta, à primeira vista, duas limitações coincidentes: a área total a ser construída, ditada pelas dimensões do terreno para sua implantação na zona leste de São Paulo, e a meta de orçamento para a sua realização.
Além disso, embora o programa da Associação seja extenso — biblioteca, cursos, exposições, cafeteria, administração —, é a orquestra que se constitui na razão principal de todo o conjunto proposto. A orquestra, que já existe há cerca de cinco anos e que, junto com o seu coro, congrega quase duas centenas de pessoas, é o dado fundamental deste projeto, porque em torno dela é que se organiza a atividade dessas quase duzentas pessoas que anseiam por instalações adequadas, pelo abrigo da arquitetura.
É a casa da orquestra.
Uma breve descrição desta casa se faz necessária à compreensão do projeto: ela se faz de modo despojado. De tal maneira que não há distinção entre o espaço de ensaio, que será o seu cotidiano, e o espaço de apresentações, que correspondem às reuniões e festas dessa casa. Por isso, todas as atividades giram em torno de um vazio e conformam, como se fosse por um conjunto de edifícios — biblioteca, coro, cursos — o espaço principal da orquestra e da plateia. As circulações para cada um dos “edifícios” desse conjunto arquitetônico se convertem em galerias para os espetáculos. Há certa versatilidade no limite entre palco e plateia de modo que se pode ampliar uma coisa ou outra conforme a exigência de cada apresentação. Tal despojamento dispensa a duplicação dos espaços, como tipicamente acontece nesses programas e que pode ser facilmente percebida pela imagem da plateia vazia trancada como se fosse a sala de visitas daquelas velhas casas tradicionais. Aqui tal cerimônia não é necessária.
Desse modo aquelas duas limitações desaparecem por completo, pois aquilo que temos como área disponível e recursos se coaduna perfeitamente àquilo que desejamos construir. Sem concessões nem conflitos, pois todos ali se educam pela e para a orquestra. Todos estão em casa.
Nessa casa onde todo dia tem festa.
PUBLICAÇÕES:
Periódicos
ORQUESTRA FILARMÔNICA AFRO-BRASILEIRA
mdc – mínimo denominador comum / brasil n 01 / 2004
Livros
COLETIVO: 36 PROJETOS DE ARQUITETURA PAULISTA CONTEMPORÂNEA
ana vaz milheiro, ana luiza nobre, guilherme wisnik
ed cosac naify / são paulo / 2006