Edifício de uso misto na Av. Rebouças
Felipe Barradas
Lucas Roca
Martha Bucci
Tatiana Ozzetti
Victor Próspero
Gabriela Takase
Henrique Muniz
Luiza Zander Gaspar
Mateus Evangelista
Miguel Croce
Paula Dal Maso
Vitor Endo
Ricardo Canton
INTERIORES
Superlimão
PAISAGISMO
Rodrigo Oliveira Paisagismo
LUMINOTÉCNICA
lux projetos
ACÚSTICA
Harmonia Acústica
ESTRUTURA
Aluizio A. M. D’avila Engenharia de Projetos
FUNDAÇÃO
SOLO.NET
ELÉTRICA
FE Projetos Elétricos
HIDRÁULICA
REWALD Engenharia
INCORPORAÇÃO
SKR
ÁREA DO TERRENO
2.635m²
ÁREA CONSTRUÍDA
21.320m²
Um novo contexto normativo
A cidade de São Paulo, de 2012 a 2016, sob a gestão de Fernando Haddad como prefeito, implementou um novo conjunto de leis visando melhorar a qualidade do espaço urbano, considerando as possibilidades e condições de um contexto metropolitano rico. Para incentivar o uso misto, o uso comercial, serviços e instalações não são computáveis até 20% da área construída. Além disso, a fim de imprimir uma nova cultura espacial, superar o limite do lote e promover uma oferta mais rica de atividades, alguns conceitos foram adicionados ao novo plano diretor: [1] fachada ativa, para incentivar o uso comercial e instalações no nível do solo com acesso aberto ao público; [2] fruição pública, para desenvolver áreas para uso público; [3] calçadas mais amplas, com 5m de largura mínima; [4] aumento das FAR, para melhorar o uso da infraestrutura urbana existente; [5] parcela habitacional, que estabelece uma fração de unidades habitacionais de acordo com a área do terreno.
Estes estímulos legais estavam relacionados às áreas de influência de acordo com sua distância de estações de metrô ou corredores de ônibus. A Avenida Rebouças é um eixo de corredor de ônibus e a rua Pinheiros abriga uma estação de metrô. Portanto, o local deste projeto é duas vezes considerado dentro de uma área de influência.
Este novo contexto normativo vai começar a imprimir seus resultados, uma novidade para a cidade de São Paulo nos próximos anos.
O lugar
O bairro de Pinheiros está localizado no lado oeste do centro da cidade de São Paulo. Limitado ao leste pela Avenida Dr Arnaldo [a bacia hidrográfica entre as duas principais bacias do rio], ao oeste pelo rio Pinheiros e tendo como limite sul a Avenida Rebouças. Pinheiros é um bairro tradicional com uma vida agitada e uma rica mistura de atividades. Ele enfrenta, do outro lado de Rebouças, o bairro 'Cidade Jardim', uma extensa área verde e zona protegida. Por esta razão, os novos gatilhos legais funcionarão apenas no lado oeste daquela Avenida, assegurando para aqueles que estão na frente da Av. Rebouças uma vista panorâmica permanente sobre o bairro verde até o Parque do Ibirapuera. Como corredor de tráfego, o plano diretor anterior, que elegeu o transporte de carros como prioridade máxima, limitou por cerca de trinta anos o uso e congelou os edifícios existentes em ambos os lados ao longo da avenida. Os prédios se deterioraram e seu programa perdeu o sentido público.
O lote tem uma frente larga [40m] voltada para Rebouças e dois acessos mais estreitos [respectivamente 10m e 5m] a partir da rua paralela chamada Pinheiros. Não é uma forma regular do lote, mas estas três frentes aumentam a possibilidade de explorar a relação do novo projeto com a cidade e de construir seu significado público através de uma forma adequada de propor seu programa e desenho. Além disso, há uma diferença de nível entre a rua Pinheiros e a Avenida Rebouças, 3m, o que permite explorar a possibilidade de um duplo nível térreo.
Processo de projeto
O processo de desenho foi iniciado em junho de 2016. Mas, ou antes, para projetar um edifício [como para planejar uma construção], começamos por debater entre um grande grupo de interlocutores para entender as possibilidades deste novo contexto normativo, e para conceber possibilidades para aquele programa visando misturar usos e explorar as possibilidades de tal lote e suas condições metropolitanas. Nossa experiência em projetar edifícios foi ligeiramente deslocada como um passo atrás a fim de produzir diagramas e esquemas, às vezes modelos físicos e modelos 3D, que poderiam fornecer um suporte para suposições e emular uma arquitetura possível. Assim, foi logo após seis meses de trabalho duro que pudemos chegar a um acordo sobre uma primeira possibilidade, uma proposta arquitetônica. A partir desse ponto, mais quatro meses e parece que poderíamos desenvolver esse primeiro acordo em uma possibilidade mais elaborada.
Chegamos a uma proposta arquitetônica clara de um edifício de 20.000 m2 de uso misto que combina múltiplas tipologias habitacionais e diferentes tamanhos de apartamentos, um hotel, espaços para trabalhar, ginásio, espaços comerciais, cafés, restaurante como instalações urbanas diretamente ligadas à cidade, incluindo estação de metrô na rua Pinheiros e corredor de ônibus na avenida Rebouças.
Neste ponto, fizemos o que era devido nesta posição de retrocesso: dar forma a um novo cenário tornado possível por aqueles novos contextos normativos; equilibramos expectativas e possibilidades entre todos e construímos um ponto de encontro através de uma proposta arquitetônica que permite que todos os interlocutores envolvidos no processo se sintam reconhecíveis naquele desenho.