Memorial à República
Alvaro Puntoni
Pablo Hereñu
Eduardo Ferroni
Paula Cardoso
Ciro Miguel
Alexandre Mirandez
Anna Kaiser
ESTRUTURA
Nelson Sato
O Memorial que se propõe procura resgatar a origem da palavra República [Do lat. republica < lat. res publica, ‘coisa pública’.], reorganizando o chão da cidade, enfatizando seu caráter primordialmente público e evidenciando a cultura e a transmissão do conhecimento como seu mais representativo monumento. Ao destacar os programas da creche-escola e da biblioteca, assume uma posição diferente daquele sentido convencional da palavra monumento [Do lat. monumentu. S. m. 1. Obra ou construção que se destina a transmitir à posteridade a memória de fato ou pessoa notável], extrapolando as atividades de registro da história republicana, insinua uma ideia otimista de construção do seu próprio futuro. Por isso a creche-escola é assumida como parte importante do programa do memorial e ajuda a constituir um conjunto coeso que preserva, no entanto, a autonomia necessária de cada setor e suas atividades. A topografia da quadra, marcada pelo declive da colina em direção ao leito do rio Piracicaba e a importante arborização existente determinam o partido do projeto. Uma operação inicial, um corte no terreno no ponto médio da quadra, paralelo ao eixo do rio, configura e organiza todos os setores do programa e os espaços externos. Essa operação cria dois térreos de características bastante distintas. O térreo inferior, no nível 492.00, concentra os acessos aos programas e abriga uma praça seca e plana que sugere uma possível integração com o conjunto do Hotel Beira Rio. No térreo superior, junto à Rua Tiradentes, situa-se o jardim público, livre de qualquer elemento construído. A arborização existente é preservada e mantém-se o papel que o lugar já desempenha na vizinhança. Seu prolongamento natural em direção ao rio culmina em uma esplanada de 90 metros de comprimento por 15 metros de largura no nível 495.50. Esta laje se presta como cobertura do pátio da creche-escola, do café e dos espaços expositivos. Os térreos se sobrepõem e se coadunam através das calçadas laterais e de uma escadaria no centro do conjunto. A passagem dessa conexão sob a laje da esplanada configura o acesso dos visitantes ao memorial. Uma segunda laje, coberta por um espelho d’água, abriga todo programa da creche-escola, organizada em torno de um vazio. O elemento que se destaca em todo o conjunto é o edifício da biblioteca, posicionado sobre o eixo da ponte sobre o rio e da Rua Campos Salles. Trata-se de uma torre de concreto que abriga todo acervo e apoia os serviços em estruturas metálicas, envolvida por uma pele de vidro estrutural transparente. Desta forma o acervo é visível de quase toda a praça. O acesso à biblioteca se faz somente pelo nível 489,30, onde se encontram o espaço expositivo e o anfiteatro aberto, além dos serviços de apoio. Esta torre ilumina a praça durante o dia e a noite. Ao seu silêncio, se associa o rumor das águas do Piracicaba e o burburinho das crianças da creche-escola. Monumento feito de espaços e sentidos, como um farol, aponta para o futuro. PUBLICAÇÕES: Periódicos PIRACICABA REALIZA CONCURSO NACIONAL DE IDEIAS PARA O MEMORIAL À REPÚBLICA prudente de moraes / brasil / 2002 Livros COLETIVO: 36 PROJETOS DE ARQUITETURA PAULISTA CONTEMPORÂNEA ana vaz milheiro, ana luiza nobre, guilherme wisnik ed cosac naify / são paulo / 2006